Variando a 3

Hoje foi DAQUELES domingos…Daqueles domingos que meu marido, tentando satisfazer um dos últimos pedidos da minha mãe, me obriga a fazer algo que me angustia muito!

Quando vem aquela pergunta “vamos almoçar com teu pai?” já vem junto aquele aperto no peito.

Como dizer não? Ainda não consegui…só respondo: “tu que sabe”, deixando para ele a responsabilidade.

Foi só uma hora de encontro. De conversa sem nexo e sem interesse…De palavras ao vento e de lembranças sofridas…

Mas o que mais me dói de tudo isto é a constatação de que ela não podia ter morrido…Não podia ter me deixado assim…Sem uma explicação, sem me dar tempo de assimilar que a vida pode ser muito dolorida.

Aquela casa, aquelas coisas, aquelas plantas, a cachorra Linda no quintal sem cuidados…Tudo tão triste.

Porque mãe? Porque?…Até agora não me respondeu!

Ela adorava latir, comer, latir e comer….

Era carinhosa e como o Cláudio dizia ela era minha…Minha florzinha marrom, minha Chiquinha.

O rabinho já estava sem pelos na ponta de tanto que batia de felicidade quando nos via.

Amada…Sei que fizemos de tudo para que fosse feliz e ela nos fez muito felizes também.

Se existe outra vida espero que por lá ela se junte aos outros peludinhos que nos deixaram.

A saudade ficará para sempre no meu coração!

Analisando a morte da Amy, analisando a letra das músicas que cantava (e como cantava) e toda a vida que levou cheguei a conclusão que ela era muito triste.

Uma tristeza grande, profunda…Uma tristeza, talvez sem explicação, mas uma tristeza que clamava por uma solução.

Me parece que ela tentou achar uma saída…Claro que fico escrevendo sem conhecer quase nada dela, só o que mostravam na TV e Internet, porém sempre tive um sentimento estranho em relação a esta jovem cantora.

Cada vez que ouvia sua voz poderosa e marcante parecia que não combinava a imagem com o som e a cada dia ela se rendia para a tristeza tão descaradamente, como se estivesse se despojando de toda energia contida.

Quando fiquei sabendo que ela tinha 27 anos finalmente entendi minha angústia…Ela poderia ser minha filha!

Que pena que não era…Com certeza eu não daria minha filha de mão beijada para a tristeza!

A vida é um mistério mesmo…É um nascer e morrer em busca da felicidade…!

(caricatura tirei daqui: http://www.supermontagens.com.br)

Cada dia me vejo diferente…Cada dia parece que não sou daqui…Cada dia me surpreendo mais com as atitudes das pessoas NORMAIS!

Me surpreendo e não me surpreendo ao mesmo tempo, porque na verdade o que se pode esperar de gente que só pensa em si mesma? Ou será que o certo é pensarmos só em nós mesmos???

Cada dia me apavoro com as atitudes dos seres ditos humanos…Se bem que só os humanos mesmo para terem atitudes tão pensadas e mal pensadas.

Definitivamente eu não sou daqui!

Acho que minha mãe foi invadida por algum ser extra terrestre que me colocou na barriga dela e sumiu no espaço sideral…É a única explicação para minha falta de compreensão para com meus  “irmãos” da raça humana.

Eu não quero crer que venho da mesma célula que um dia gerou outros tantos que me envergonham com suas atitudes e gestos tão nefastos e baixos.

Definitivamente eu não quero ser humana!

Como todos que me acompanham sabem eu adoro as tirinhas do blog Bichinhos de Jardim!

Mas nenhuma das tirinhas me bateu tão forte como esta…Se suas pernas não suportam mais talvez seja hora de voar…Não é verdade?

Tá cansada ou cansado de tudo? De tentar e não conseguir? Então quem sabe não é hora de voar…Prá longe, para o infinito…Não no sentido de finitude, mas no sentido do desconhecido que permeia a infinitude. Voar, voar…Experimentar, renovar, procurar e enfim achar.

Tudo o que era deixa de ser.
E tudo o que não era continua não sendo.
E nada mudou.

Olho para os lados e nada me satisfaz.
Tudo me falta sem que nada esteja faltando.

E tudo é dor sem que haja dor.
E tudo é nada havendo nada.

Tudo que é meu não pertence a mim,
Enquanto eu mesma não pertenço a nada nem a ninguém.
O vazio inexorável se estende pelo Universo.

Anestesia… Anestesia

Assim fico, fico… Eu sou o que sempre quer partir,
E fica sempre, fica sempre, fica sempre,
Até à morte fica, mesmo que parta fica, fica, fica…

(Passagem das Horas, Álvaro de Campos)